Em cidades do interior da Paraíba, onde caixas eletrônicos foram
explodidos, moradores estão viajando para cidades vizinhas para sacar
dinheiro e ter acesso a outros serviços bancários. Isto porque muitas
das cidades que se tornaram alvos dos bandidos não têm agências
bancárias e os terminais de atendimento eram as únicas opções de saque.
Um dos casos é do município de Mulungu, Agreste paraibano, onde os
9.469 moradores estão sem opção de saque há dois meses. O terminal
eletrônico do banco Bradesco foi explodido duas vezes por assaltantes e
não funciona desde o último ataque, ocorrido no dia 1º de julho. Segundo
o morador Orlando Saturnino da Costa, proprietário de uma padaria, para
sacar valores altos ele precisa viajar para cidades vizinhas, como
Guarabira, que fica a uma hora de distância de carro.
A situação é semelhante em outra cidade próxima, Alagoinha. Para a
funcionária pública Maria Susana da Silva Freire, a explosão do caixa
dificultou sua vida.
“Foi um choque muito grande. Antes, a gente tinha acesso à nossa conta a
qualquer momento. Hoje fica difícil porque a gente tem que deslocar
para Guarabira para fazer saque, consulta e depósito. Se a prefeitura
deposita dinheiro na sexta-feira à noite, a gente tem que ir para
Guarabira no sábado de manhã e enfrentar toda a movimentação da feira
para poder ter acesso ao nosso pagamento”, comentou.
Com a bandidagem solta, a gente tem medo de sofrer assalto nessas viagens"
Elizabeth Barbosa, professora
A professora Elizabeth Rodrigues Barbosa, que também mora em Alagoinha,
explicou que ainda tem gastar dinheiro com táxi para se deslocar de uma
cidade para outra. Ela teme ser observada por criminosos durante o
transporte do dinheiro até sua casa. “A gente sai daqui transtornada com
medo de alguém. Com a bandidagem solta, a gente tem medo de sofrer
assalto nessas viagens”.
A assessoria de imprensa do Bradesco em São Paulo informou ao G1 que o banco fará em setembro a reposição dos terminais citados na reportagem.
O caso mais recente de explosão aconteceu em São José da Lagoa Tapada,
no Sertão, que teve seu único caixa eletrônico detonado com dinamites no
dia 23 de agosto. Por telefone, a comerciária Maria dos Remédios
Jerônimo disse que a opção é ir até Sousa ou procurar atendimento nos
Correios.
Apesar da disponibilidade, ela reclamou que a agência só funciona até
as 13h. Estão nesta situação 7.564 habitantes, conforme o Censo 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cidades polarizadas por Sousa e Guarabira ficaram
sem opção de atendimento bancário (Foto: Arte/G1)
sem opção de atendimento bancário (Foto: Arte/G1)
Em Aparecida, cidade com população de 7.676, também no Sertão
paraibano, o caixa foi explodido no dia 3 de agosto. Apesar do uso de
dinamites, os assaltantes não conseguiram ter acesso ao compartimento
onde o dinheiro era armazenado e acabaram fugindo sem nada. Mesmo assim,
o aparelho teve que ser desativado.
No dia da ocorrência, um funcionário do banco informou à reportagem da
TV Paraíba que o funcionamento deveria ser retomado dentro de 20 dias.
Porém, o serviço ainda está em fase de conclusão.
Somente em 2011, foram registrados 64 ataques a instituições
financeiras no estado, entre assaltos, explosões, arrombamentos e
tentativas. Destes casos, 33 foram assaltos ou tentativas de
arrombamento com uso de dinamites. Os dados foram levantados com base em
ocorrências registradas pelas Polícia Militar e Civil.
Banco continua fechado depois de explosão ocorrida
em julho (Foto: Jota Alves/G1)
em julho (Foto: Jota Alves/G1)
No primeiro semestre do ano, a Paraíba registrou 54 ocorrências em
bancos e terminais de atendimento, ficando em 4º lugar no ranking
nacional. À frente estavam os estados de São Paulo (com 283 casos),
Bahia (61) e Paraná (56). A lista consta na 1ª Pesquisa Nacional de
Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes
(CNTV) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT).
Empresas pedem desativação de caixas
Com medo de serem os próximos da lista, empresários e comerciantes de algumas cidades já solicitaram a desativação dos terminais de autoatendimento localizados nas dependências de seus estabelecimentos. Os pedidos são feitos às instituições bancárias responsáveis pelos caixas em questão. O número exato de pedidos foi requisitado pela reportagem, mas não foi revelado pelas assessorias de imprensa, nem pelas gerências regionais dos bancos procurados.
A assessoria de imprensa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também não forneceu detalhes, mas confirmou que a tendência existe principalmente em São Paulo e admitiu algumas solicitações feitas no Nordeste. A assessoria classificou a "onda de ataques aos terminais de autoatendimento no Brasil" como o principal motivo para as desistências.
Com medo de serem os próximos da lista, empresários e comerciantes de algumas cidades já solicitaram a desativação dos terminais de autoatendimento localizados nas dependências de seus estabelecimentos. Os pedidos são feitos às instituições bancárias responsáveis pelos caixas em questão. O número exato de pedidos foi requisitado pela reportagem, mas não foi revelado pelas assessorias de imprensa, nem pelas gerências regionais dos bancos procurados.
A assessoria de imprensa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também não forneceu detalhes, mas confirmou que a tendência existe principalmente em São Paulo e admitiu algumas solicitações feitas no Nordeste. A assessoria classificou a "onda de ataques aos terminais de autoatendimento no Brasil" como o principal motivo para as desistências.
A indústria Dolomil, situada em Campina Grande, no Agreste paraibano,
foi uma das primeiras a recuar em nome da segurança. Durante dez anos,
foi disponibilizado um caixa de correspondente bancário em um dos
prédios da fábrica para viabilizar o pagamento dos cerca de 350
funcionários. O caixa era abastecido todas as sextas-feiras, ocasiões em
que os funcionários faziam saques direto de suas contas salariais, sem a
necessidade de procurar bancos no Centro ou em outros bairros da
cidade. A opção, segundo o empresário Marcelo Arruda, era mais segura.
No entanto, de acordo com o sócio da indústria, ele precisou abrir mão da facilidade e resolveu desabastecer o caixa eletrônico, cancelando os saques. "Infelizmente, de dois meses para cá nós resolvemos eliminar o pagamento em espécie e o caixa fica somente para o fornecimento de extratos", revelou o empresário.
A decisão, conforme Marcelo,foi tomada quando ele avaliou os locais que serviram como alvos dos assaltantes. Não somente as agências bancárias estavam sendo invadidas e prejudicadas pelos explosivos, mas também pontos de comércio e instituições públicas, a exemplo do campus da Universidade Estadual da Paraíba, da Secretaria de Saúde de João Pessoa e da Casa da Cidadania, espaço onde o Governo do Estado oferece serviços do Detran, Procon e Sine, entre outros. Além deles, um shopping e uma unidade de supermercado de rede nacional também já haviam sido atacados.
No entanto, de acordo com o sócio da indústria, ele precisou abrir mão da facilidade e resolveu desabastecer o caixa eletrônico, cancelando os saques. "Infelizmente, de dois meses para cá nós resolvemos eliminar o pagamento em espécie e o caixa fica somente para o fornecimento de extratos", revelou o empresário.
A decisão, conforme Marcelo,foi tomada quando ele avaliou os locais que serviram como alvos dos assaltantes. Não somente as agências bancárias estavam sendo invadidas e prejudicadas pelos explosivos, mas também pontos de comércio e instituições públicas, a exemplo do campus da Universidade Estadual da Paraíba, da Secretaria de Saúde de João Pessoa e da Casa da Cidadania, espaço onde o Governo do Estado oferece serviços do Detran, Procon e Sine, entre outros. Além deles, um shopping e uma unidade de supermercado de rede nacional também já haviam sido atacados.
A lista já chegou a ser apresentada pelos serviços de inteligência das
instituições bancárias durante encontros do Conselho de Segurança
Pública do Nordeste, quando se reúnem representantes das Polícias
Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal, do Ministério da Justiça,
dos bancos e das secretarias de defesa dos estados.
Os números do primeiro semestre mobilizaram as autoridades policiais
dos estados do Nordeste. Com quadrilhas circulando por estradas do
Sertão e do Agreste, além do pouco policiamento disponível nas cidades
pequenas, as cúpulas da Segurança Pública da Paraíba, Ceará, Rio Grande
do Norte, Pernambuco e Piauí resolveram se unir para fechar as rotas de
fuga.
Operações conjuntas
foram deflagradas em agosto com fiscalizações e policiais
especializados em detectar explosivos, além de cães farejadores em busca
de drogas. Um helicóptero também foi utilizado para o monitoramento de
plantações de maconha nas divisas dos estados.
De acordo com o coronel Paulo Almeida, da Polícia Militar da Paraíba, o objetivo é fechar as divisas para evitar o tráfico de drogas e interromper o trânsito de criminosos que planejam assaltar bancos. As informações que as polícias têm sobre as quadrilhas também são ‘cruzadas’ entre os estados, que nesta operação poderão saber quem atua nos crimes, onde eles se escondem e como agem.
De acordo com o coronel Paulo Almeida, da Polícia Militar da Paraíba, o objetivo é fechar as divisas para evitar o tráfico de drogas e interromper o trânsito de criminosos que planejam assaltar bancos. As informações que as polícias têm sobre as quadrilhas também são ‘cruzadas’ entre os estados, que nesta operação poderão saber quem atua nos crimes, onde eles se escondem e como agem.
Conforme a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a Paraíba está
entre os estados com maior número de prisões de assaltantes de banco no
Nordeste. Mais de 60 pessoas foram presas pela polícia paraibana neste
ano sob suspeita de participação em roubos a bancos e correspondentes
bancários com uso de explosivos ou maçaricos.
Além da ação da segurança pública, os bancos investem anualmente cerca de R$ 9,2 bilhões em segurança. Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Um dos métodos implantados para evitar as explosões em caixas é um dispositivo que mancha as notas de vermelho quando o aparelho é danificado. No entanto, de acordo com o Sindicato dos Bancários da Paraíba, a medida ainda não foi implantada localmente.
Além da ação da segurança pública, os bancos investem anualmente cerca de R$ 9,2 bilhões em segurança. Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Um dos métodos implantados para evitar as explosões em caixas é um dispositivo que mancha as notas de vermelho quando o aparelho é danificado. No entanto, de acordo com o Sindicato dos Bancários da Paraíba, a medida ainda não foi implantada localmente.
fonte: G1 Paraíba
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