segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pesquisadores descobrem uma das causas da leucemia mais comum em crianças brasileiras

Pesquisadores do Centro Infantil Boldrini, em Campinas, interior de São Paulo, descobriram uma das causas da leucemia linfoide aguda T, a mais comum em crianças brasileiras. Trata-se de uma mutação em uma proteína que faz com que as células se reproduzam descontroladamente. O estudo foi publicado no último domingo na revista "Nature Genetics" e abre caminhos para o desenvolvimento de um remédio que atue diretamente na célula defeituosa, sem afetar todo o organismo, como no caso da quimioterapia.

Esta é a primeira vez que se identifica uma mutação no receptor de interleucina-7 (ou IL7R), uma proteína que controla a atividade das células T, responsáveis por administrar a ativação do sistema imunológico do corpo. Esta proteína é muito importante para o amadurecimento e a sobrevivência das células-tronco do sangue. Parte das células-tronco sanguíneas forma os linfócitos T, que nascem na medula, migram para o timo (órgão próximo ao coração), onde ocorre o processo de amadurecimento, e depois seguem para outros órgãos. O problema é que a mutação ativa continuamente a proteína, alterando o processo normal de amadurecimento celular, o que leva à proliferação exagerada de linfócitos imaturos.
Essa característica foi identificada em 10% dos pacientes analisados, uma prevalência considerável para esta doença, explica José Andrés Yunes, que coordenou a pesquisa:
- Neste caso, 10% é muito, porque não se conhece a causa da leucemia. Não é normal existir um defeito comum com esta prevalência nos pacientes e por isso ela é significativa.
Os pesquisadores já realizaram testes preliminares com algumas drogas que conseguiram eliminar células portadoras da proteína com mutação. O próximo passo é desenvolver anticorpos e remédios para atuar especificamente na proteína.
- A quimioterapia cura, mas deixa sequelas. A criança até resiste mais à quimio que os adultos, porque o organismo é novinho. Mas alguns dos quimioterápicos podem deixar sequelas, como problema de coração, crescimento e fertilidade - diz Yunes.
Participaram da pesquisa 201 pacientes com leucemia linfoide aguda T. O estudo é resultado da tese de doutorado da pesquisadora Priscila Pini Zenatti e produto da parceria entre instituições brasileiras e internacionais de pesquisa e saúde.
 
fonte: Paraíba.com.br

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