sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Matador da 'Liga da Justiça', acusado de 16 homicídios, escapa da Unidade Prisional

Um dia após a Polícia Civil realizar operação para prender integrantes da milícia conhecida como Liga da Justiça, na Zona Oeste, o miliciano Carlos Ari Ribeiro, o “Carlão”, escapou da Unidade Prisional (UP), em Benfica, na Zona Norte. A fuga aconteceu na madrugada desta sexta-feira. 

Preso em julho de 2010, o ex-soldado da Polícia Militar foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por seis homicídios e é acusado de outros dez. Condenado a 7 anos por porte ilegal e receptação, foi flagrado com pistola. “Exame comprovou que arma foi usada em vários assassinatos”, disse o corregedor da PM, coronel Ronaldo Menezes. Segundo ele, na casa do ex-PM, foram apreendidos 7 carros, 2 motos, 9 celulares e lancha avaliada em R$ 90 mil.
O criminoso comandava ‘gatonet’, mototáxi e extorsões de dentro da Unidade Prisional. A direção do Batalhão Especial Prisional já havia apreendido notebook e celular na cela de Carlão. O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. “Assim que formos informados oficialmente, vamos adotar as providências necessárias”, disse Menezes.
Com isso, pode ser aberta sindicância ou investigação preliminar. Na denúncia, o MP pede à Justiça que determine à a Unidade Prisional a apresentação da lista de visitantes de Carlão e do PM Júnior durante as investigações. O miliciano seria ainda braço direito de Ricardo Teixeira Cruz, conhecido como Batman.
Milícia se uniu aos contraventores
A milícia Liga da Justiça se aliou à contravenção na Zona Oeste. Com a união, os bicheiros passaram a explorar caça-níqueis e máquinas de música em áreas controladas por milicianos, e dividem com eles parte do dinheiro arrecadado. A descoberta foi revelada pelo delegado Alexandre Capote, titular da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco-IE), durante a Operação Pandora, deflagrada na manhã desta quinta-feira.
Um dos alvos principais era o inspetor Anísio de Souza Bastos, 51, que trabalhava na Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol). Segundo o promotor Marcos Vinícius Leite, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, o policial recebia R$ 40 mil por mês para agir como agente infiltrado, passando informações da polícia à Liga da Justiça.
A ação foi realizada em parceria com o Gaeco, para cumprir 18 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão. Até a noite, seis pessoas foram presas — outras quatro já estavam na cadeia. Entre elas, dois PMs que usavam celulares para controlar os negócios ilegais de dentro da Unidade Prisional, antigo Batalhão Especial Prisional, em Benfica, segundo o promotor Marcus Vinícius Leite, do Gaeco.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que a polícia está vigilante e não tem problemas em punir desvios de conduta, referindo-se a policiais envolvidos com crimes. “Sabemos o que temos que fazer e estamos mostrando desde janeiro de 2007”.
Apontado nas investigações como o chefe do grupo paramilitar, Toni Ângelo Souza de Aguiar, o Erótico, 36 anos, que também é ex-PM, está entre os oito procurados foragidos. Ele não teria celular para não ser pego em escuta. Usaria aparelhos emprestados e só pode ser pego em gravações telefônicas quando a voz é reconhecida em conversas com pessoas que têm telefone grampeado.
Parceria de milicianos para inocentar rivais na Justiça
Outra aliança inusitada foi a união entre as milícias Liga da Justiça e Comando Chico Bala, ambas com origem na Zona Oeste do Rio. A primeira, que surgiu em 2000, disputava território com a segunda há cerca de quatro anos.
“Temos verificado que, na hora das audiências de julgamento, as vítimas de uma milícia estão evitando acusar os réus da milícia rival, desdizendo o que haviam dito na primeira fase do processo”, declarou o promotor do Gaeco.
A trégua, percebida nos tribunais, fez com que os acusados mudassem a versão em julgamentos de três tentativas de homicídio para inocentar os rivais no júri.
“Contrariando todos os depoimentos que já tinha dado, o Chico Bala chegou a negar que havia reconhecido o Batman como autor do atentado que matou a mulher e o enteado dele”, disse Marcus Vinícius, referindo-se a crime cometido em agosto de 2007.
Segundo o promotor, eles delimitaram território para atuação de cada grupo. “A Liga da Justiça é uma engrenagem complexa, é forte e tem uma estrutura muito grande que demanda combate constante e contínuo”, enfatizou.

fonte: Paraíba.com.br

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