Especialistas dizem que planeta só aguenta 14 bilhões de habitantes
A população mundial chegou a marca de 7 bilhões de pessoas nesta segunda-feira (31), de acordo com estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas). Apesar de o ritmo de crescimento ter desacelerado nos últimos anos, a população ainda vai crescer muito nas próximas décadas - a expectativa é que o mundo chegue a 10 bilhões em 2083. Hoje, o mundo está na metade da sua capacidade de abrigar gente, de acordo com especialistas.
Queda na pobreza diminui crescimento
Para o professor coordenador de pós-graduação em Geografia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Gustavo Coelho de Souza, é tradição nos meios acadêmicos considerar a marca simbólica de 14 bilhões como o limite da capacidade do planeta.
- É um número um pouco cabalístico, mas é o que os demógrafos e analistas estabelecem como uma marca simbólica. A partir daí a gente entraria em um colapso.
- É um número um pouco cabalístico, mas é o que os demógrafos e analistas estabelecem como uma marca simbólica. A partir daí a gente entraria em um colapso.
Desde começo dos anos 90, a ONU afirma que essa marca de 14 bilhões seria o teto da estabilidade da população mundial. Esse limite, que em princípio pode parecer distante, pode ser alcançado em breve. Um artigo de David E. Bloom, professor de demografia e economia na universidade de Harvard, EUA, publicado na revista Science, calcula que o mundo deve ganhar de 2 bilhões a 4,5 bilhões de pessoas até 2050.
Bloom alerta que esse crescimento se daria em maior parte (97%) em países pobres, sendo que metade (48%) na África.
Em 2100, a marca poderia ser ultrapassada. Como previsões demográficas envolvem variáveis muito sensíveis e difíceis de prever, Bloom diz que a população do próximo século pode vai ficar entre 6,2 bilhões até 15,8 bilhões.
Desacelera, mas ainda é rápido
O mundo passou de 6 bilhões de pessoas para 7 bilhões em 12 anos - de 1999 a 2011. Isso revela um ritmo de crescimento levemente menor do que o último bilhão. O mundo passou de 5 bilhões para 6 bilhões também em 12 anos - ou seja, o mesmo intervalo de tempo, porém no mais recente período havia mais gente.
Nos anos 70, a taxa de crescimento anual chegou a ser de 2,1%. Em 2011, segundo o Cia World Factbook (banco de dados da agência de inteligência norte-americana), a taxa é de 1,092%. Por meio de nota, a ONU disse que "com o atual ritmo de crescimento, cerca de 78 milhões de pessoas nascem a cada ano – o equivalente à soma das populações do Canadá, Austrália, Grécia e Portugal juntas".
Na perspectiva da história mundial, o ritmo segue aceleradíssimo. De acordo com a ONG PRB (sigla em inglês para Escritório de Referência Populacional), nos últimos 50 anos, o mundo passou de 3 bilhões de pessoas para 7 bilhões - mais que o dobro. O mundo só atingiu a marca de 1 bilhão de habitantes no ano de 1800, quando a revolução industrial iniciada na Inglaterra começava a se espalhar pelo mundo. Só cerca de 130 anos depois esse número dobraria.
Parte desse crescimento populacional se deve ao aumento da expectativa de vida ao nascer. As pessoas passaram a viver em média 20 anos mais nos últimos 60 anos - a expectativa média de vida no mundo passou de 48 para 69 anos.
Em compensação, a melhoria nos níveis educacionais e de assistência médica fizeram taxa de fecundidade ser reduzida quase à metade em meio século. De cinco crianças por mulher em 1960, o mundo passou a ter 2,5 em 2010. Mas isso não é o suficiente para frear o crescimento populacional. Segundo a ONU, se as tendências permanecerem, a humanidade chegará a 9 bilhões em 2050 e vai passar de 10 bilhões no final do século.
O professor Souza diz que uma chave para diminuir o crescimento populacional é a "conscientização familiar". O especialista afirma que o controle de natalidade é "sempre muito polêmico" e com resultados nem sempre interessantes.
A própria ONU cita o planejamento familiar como uma das chaves para vencer o desafio demográfico. Porém, a assistência internacional para o planejamento familiar estagnou em US$ 400 milhões (R$ 680 milhões) ao ano depois de um pico de US$ 700 milhões (R$ 1,2 bilhão) em 2002. Para a ONU, a diminuição das famílias é um "sucesso mundial" que só vai "continuar se o acesso ao planejamento familiar continuar a crescer no mundo todo".
fonte: Wscom
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