sábado, 24 de maio de 2014

Na Paraíba: Coren apura denúncias no Samu

O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB) está apurando duas denúncias de negligência por parte de equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de João Pessoa. De acordo com o presidente da entidade, Ronaldo Albuquerque, uma das situações suspeitas de irregularidade foi flagrada durante o socorro à bacharela em Direito Érica de Sousa Lira, assassinada a tiros pelo namorado no mês passado, no bairro do Bessa, na capital. Ele adiantou que pedirá um relatório ao Samu sobre os casos investigados e encaminhará ao Ministério Público Estadual (MPPB).

O presidente do Coren explicou que um vídeo divulgado na internet mostra o momento em que uma equipe do Samu socorre a bacharela em Direito. Porém, ele relata que as imagens revelam que o condutor da ambulância estaria exercendo a função que seria do enfermeiro e que isso pode ter influenciado no estado de saúde da paciente antes da chegada ao Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, na capital.
“Analisamos o vídeo e há indícios da negligência neste caso.
Temos ainda a denúncia de uma técnica de Enfermagem que realizou os primeiros socorros em uma vítima de acidente de trânsito, na semana passada, enquanto aguardava a equipe do Samu. Só que quando a equipe chegou, eles não imobilizaram a vítima como deveriam. Vamos abrir um procedimento ético nesses dois casos e pedir um relatório para saber quem eram as equipes que atenderam esses pacientes”, explicou Ronaldo Albuquerque.
Ele lembrou ainda que as equipes que trabalham no Samu devem ser preparadas para atender os casos de urgência e o socorro deve ser imediato. Mas não foi o que aconteceu com a dona de casa Ana Cristina da Silva. Ela denuncia que na última quarta-feira esperou quase uma hora por uma ambulância do Samu para atender o irmão cardíaco e peregrinar, ainda na ambulância, por quatro hospitais, o rapaz não resistiu e morreu.
“Quando a gente ligou para o Samu e explicamos que o estado dele era grave, veio somente uma motolância. Quando o rapaz chegou e viu que a situação era grave, colocou só um soro e chamou a ambulância. Tenho certeza que ela morreu por falta de atendimento, porque quando a gente chama o Samu aqui no “S”, só vem o pessoal das motos e ainda assim, demora”, reclamou a dona de casa, que mora na comunidade do “S”, no Róger, na capital.
Diante dos casos que estão sendo investigados pelo Coren, sobre a atitude dos profissionais de enfermagem, Ronaldo Albuquerque explicou que pedirá também aos responsáveis pelo Samu da capital um relatório sobre a titulação dos enfermeiros e técnicos que formam as equipes.
“Nós queremos saber se eles têm os cursos que são obrigatórios para atuar no Samu, porque quem trabalha com esse tipo de atendimento tem que estar preparado. O Samu funciona como uma UTI”, reforça.
CRM: NÚMERO DE MÉDICOS INSUFICIENTE
Uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), no mês passado, a pedido da Promotoria da Saúde da capital, detectou que a quantidade de médicos atuando no Samu é insuficiente para atender a demanda e que há retenção das macas do Samu nos hospitais.
Diante das irregularidades identificadas pelo CRM, a promotora da Saúde, Maria das Graças Azevedo, informou que na próxima semana será apresentado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) aos secretários de Saúde do Estado e da capital para solucionar os problemas. Ela adiantou ainda que caso os gestores não assinem o documento, a promotoria pode ajuizar uma ação civil pública.
“Queremos assinar esse TAC para solucionar o problema da retenção de macas, que é o que acarreta o mal atendimento e a demora do Samu. Os dois hospitais devem providenciar esses equipamentos para liberar os do Samu. Quanto à quantidade do corpo médico, o secretário de saúde do município disse que o processo para contratação de novos médicos está em andamento. Esperamos que cumpra, caso contrário poderemos ajuizar uma ação”, alertou.
Para o diretor de fiscalização do CRM, Eurípedes Mendonça, a contratação o problema quanto à demora nos chamados ao Samu poderiam ser resolvidos com a realização de concurso público. “O Samu tem uma carência de médicos e toda cidade organizada deveria fazer concurso público para o quadro permanente. Existem municípios em que os profissionais do Samu são concursados, mas para que isso aconteça tem que haver interesse do poder público”, disse.(Colaborou Luzia Santos)


fonte: JP Online

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