Nesta sexta-feira, 23, o Grupo de Trabalho “Mortos e Desaparecidos Políticos Paraibanos”, da Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória da Paraíba, viaja para Catolé do Rocha. O objetivo é colher depoimentos de pessoas que conviveram com o líder estudantil João Roberto Borges nas duas semanas que passou escondido em um sítio daquele município.
No dia 10 de outubro de 1969, o corpo de João Roberto foi encontrado por dois moradores no açude Olho D'Água, na comunidade de Catolé do Rocha, onde se encontrava escondido na casa do pai de um amigo (Bartolomeu) que morou com ele em João Pessoa.
“Nós vamos buscar depoimentos de pessoas que conviveram com João Roberto e que o encontraram morto. Em outra oportunidade, entrevistaremos os colegas do curso de medicina que o acolherem após retornar de Recife, traumatizado com as torturas física e psíquica que sofreu. Por fim, ouviremos o juiz, o prefeito e o médico, que eram as autoridades de Catolé do Rocha em 1969”, disse Waldir Porfírio, membro da Comissão Estadual da Verdade e responsável pelo GT Mortos e Desaparecidos Políticos Paraibanos.
“Temos que chegar a uma conclusão 44 anos depois da morte João Roberto”, continuou Waldir Porfírio. “A dúvida não pode continuar perdurando para a história. Esse é a oportunidade de tentar elucidar o fato: ele morreu afogado ou foi afogado por agentes da repressão do regime militar?”
João Roberto Borges de Souza, natural de Cabedelo, em 1968 era estudante do 3º ano de medicina, presidente do Diretório Acadêmico do curso na UFPB e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes da Paraíba (UEEP). Foi um dos presos do Congresso da UNE que ocorreu em Ibiúna, São Paulo, em outubro de 1968, e preso novamente em dezembro daquele ano pela polícia federal.
Suspenso do curso de medicina por dois anos em fevereiro de 1969 por perseguição política do reitor da UFPB, João Roberto Borges deixou a Paraíba, em companhia da sua noiva, Socorro Fragoso (Jô Moraes), e foi para Recife, onde foi preso e torturado. Retornando à Paraíba, ficou pouco mais de quatro meses em João Pessoa, quando decidiu viajar para Catolé do Rocha e se preparar para entrar na clandestinidade. Duas semanas depois, foi encontrado morto.
Estarão em Catolé do Rocha com Waldir Porfírio os membros do GT Mortos e Desaparecidos Políticos da Comissão da Verdade da Paraíba: Sandro Alves de França, Sheyla Maria Lima Oliveira, Vivianne de Sousa, Herbert Andrade Oliveira e Edmilson Júnior.
fonte: Wscom
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