Um convênio entre o Governo do Estado e o Governo Federal foi suspenso no dia 31 de janeiro e reduziu em mais 600 o número de carros pipas que abastecem as famílias das regiões que sofrem com a falta d'água. Essa redução iria penalizar ainda mais os moradores das zona rurais das cidades que sofrem com a seca na Paraíba se não fossem as chuvas registradas no Sertão nesses dois meses.
O secretário de Agricultura do Estado, Carlos Alberto Oliveira, informou que desde março os carros pipas conveniados ao Estado não estão mais fazendo a distribuição de água em municípios do semiárido.
Com o fim do fornecimento d'água pelo Estado, somente os cerca de 800 veículos conveniados ao Exército estão abastecendo as zonas rurais e urbanas. O secretário informou que algumas prefeituras também ainda estariam mantendo o abastecimento com carros pipas.
Carlos Alberto explicou que o contrato com o governo Federal venceu no dia 31 de janeiro e não foi mais renovado."Nós seguramos o abastecimento até fevereiro e enviamos a documentação necessária para a renovação, mas até agora ela não aconteceu. Mas estamos insistindo em mostrar que a necessidade ainda existe", revelou.
O secretário alertou para a necessidade da manutenção desse contrato porque, apesar das chuvas, os mananciais que abastecem as cidades não estão acumulando água significativamente e os barreiros e pequenos açudes das zonas rurais não fornecem água de qualidade para o consumo humano. No estado da Paraíba, 16 cidades continuam em colapso de abastecimento d'água e apesar das chuvas, esse quadro ainda permanece.
Chuvas bem vindas
Apesar dos grandes mananciais continuarem com pouca reserva, a avaliação do presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), José Vicente, é de que as precipitações registradas até agora são muito bem vindas, mesmo que elas não tenham proporcionado a recarga suficiente para o abastecimento das cidades.
As chuvas registradas nas cidades do Sertão têm enchido rios, barreiros e açudes de pequeno porte que permaneceram secos por mais de dois anos. A água de volta numa terra seca e penalizada trouxe muita alegria e esperança principalmente para os moradores das zonas rurais que só contavam com a água distribuída pelos carros pipas.
Nas zonas urbanas, no entanto, o abastecimento continua problemático, pois os grandes mananciais de abastecimento não receberam a recarga suficiente para trazer tranquilidade. "As grandes barragens ainda não tiveram a recarga que almejamos e mesmo Patos, que foi a cidade mais contemplada com o acumulado de mais de 600 milímetros este ano, não registrou aumento no volume dos dois mananciais que abastecem a cidade o suficiente para nos tranquilizarmos", informou José Vicente.
Os açudes de Jatobá e da Farinha, em Patos, a 320 quilômetros de João Pessoa, estavam quase que completamente secos e estão com cerca de 40% e 20%, respectivamente, um acúmulo ainda considerado insuficiente, diante da escassez cíclica de chuvas registrada região do semiárido.
Mas o presidente da Aesa acredita que com os pequenos açudes e barreiros cheios, as necessidades mais imediatas, como matar a sede das pessoas e animais, são atendidas. "Apesar da capacidade de acúmulo desses mananciais ser muito pequena e eles permanecem com água por um período muito curto, eles são de grande ajuda para o sertanejo que vem de um período longo de sofrimento com a seca", acrescentou.
Foto: Água escorre nas zonas rurais de municípios do Sertão
Créditos: Reprodução/ Blog do Ivaldo Show
Plantio tarde
A esperança do sertanejo está fazendo com que mesmo num tempo considerado tardio para a plantação corra em busca de sementes. O coordenador técnico da Emater-PB, Jailson Lopes, informou que está havendo uma corrida intensa em busca de sementes e ele acredita que apesar do atraso, haverá uma safra bem melhor.
"Não teremos uma safra regular como quando as chuvas chegam mais cedo e o agricultor começa a plantar já no início do ano, mas como estamos há mais de dois anos sem safra por conta da estiagem, acredito que este ano teremos uma grande melhora", opinou.
A preocupação com a falta de água para o consumo, na opinião do coordenador da Emater, fez com que o agricultor só pensasse no plantio, bem depois da época propícia.
Já o secretário de Agricultura e Pesca do Estado, Agamenon Vieira da Silva, acredita que mesmo que chuvas não garantam uma produção tão satisfatória, elas asseguram a produção de ração animal para alimentar os rebanhos.
"Com o desenvolvimento do pasto, o grande problema da falta de comida que dizimou mais de 30% dos rebanhos do estado nesses dois anos, será amenizado", analisou.
O secretário acredita também que a distribuição de ração feita pelo governo do Estado deverá ser diminuída. "A seca diminuiu e muito o nosso rebanho e o problema foi controlado justamente por conta dessa distribuição de ração. A produção crescente do pasto proporcionado pelas chuvas deverá diminuir os gastos do governo com o fornecimento do alimento dos animais". avaliou.
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