O Conselho Regional de Medicina (CRM) realizou uma fiscalização no dia 27 do mês passado no Hospital Regional deputado Janduhy Carneiro, em Patos, e detectou 110 irregularidades. O Departamento de Fiscalização do CRM vai concluir o relatório, que tem 40 páginas, incluindo fotografias anexadas e estatísticas de óbitos, para pedir a interdição médica do hospital. “Encontramos uma situação gravíssima e estamos recomendando interdição ética de todos os médicos do hospital”, explicou Eurípedes Mendonça, diretor de Fiscalização da entidade. De acordo com ele, caberá ao presidente do CRM, João Medeiros, decidir sobre a recomendação do Departamento de Fiscalização.
O secretário de Saúde, Waldson de Souza, disse que só vai se pronunciar quando receber o relatório da fiscalização. Ele cobrou uma atuação mais rigorosa por parte do CRM contra os médicos que prestam serviço no Hospital Regional de Patos. “Eu quero que eles atuem contra os médicos que estão praticando irregularidades na área. Todas as denúncias foram feitas ao CRM”, afirmou. A vistoria foi solicitada pelo procurador da República João Raphael Lima para apurar denúncias de que médicos que atuam na unidade não estariam cumprindo os horários dos plantões. A solicitação do MPF foi motivada pela denúncia de que um médico teria se afastado do hospital em horário de plantão para participar de uma festa.
Desde junho de 2012 o CRM foi ao hospital de Patos num total de dez vezes, mas as irregularidades têm aumentado. Entre as irregularidades apontadas, a fiscalização constatou escalas de médicos incompleta, a UTI, que só tem seis leitos, está com teto e parede mofados, e foi constatada ainda uma elevada taxa de óbitos. “No mês de setembro de 2013 morreu mais paciente na área vermelha de Patos (57), que só tem cinco leitos, do que na área vermelha do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande (56)”, disse Eurípedes. Na sua avaliação, a elevada taxa de óbitos se dá porque na sala vermelha do hospital de Patos não ficam médicos permanentes. Além disso, não há área de repouso dentro da sala vermelha.
Outra falha foi encontrada na triagem, que, segundo o CRM, deveria ser feita por um enfermeiro (nível superior), e não por um técnico de enfermagem (nível médio). Além disso, há seis meses o endoscópio está quebrado (desde junho de 2013). “Aliás, o hospital não conserta nada, todos os ar-condicionados estão quebrados, as enfermarias estão com ventiladores, que é até proibido pela vigilância sanitária”, disse.
Recentemente, o juiz Cláudio Girão Barreto, da 14ª Vara Federal, determinou a aplicação de multa diária no valor de R$ 5 mil, contra o Governo da Paraíba, em caso de descumprimento da liminar que obriga a Secretaria Estadual de Saúde a sanar as irregularidades identificadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos. A decisão prevê também o bloqueio de verbas de publicidade em caso de descumprimento da punição imposta ao Estado.
fonte: JP Online
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